A maior parte da resistência inicial ao esforço em favor do texto, alias, veio de Tarcísio. Por razões técnicas, diga-se. Ele foi o primeiro a vocalizar a inconformidade de governadores do Sul e do Sudeste com aspectos relevantes do projeto, principalmente pelo risco de desequilíbrio representativo no Conselho que vai istrar o futuro Imposto sobre Bens e Serviços (que unificará o ISS e ICMS) e pela eventual perda de autonomia dos entes federados. 5kh1s
Usou o poder e a influência do estado de São Paulo para pressionar mudanças que aprimoraram a versão final do texto. Quando entendeu que havia avançado o suficiente, o governador de São Paulo tratou de se manifestar favoravelmente pela aprovação. Fez política maiúscula, e saiu vencedor na discussão.
Gente séria defendeu e criticou a reforma de forma técnica. É do jogo. É forçoso reconhecer, entretanto, que seria impossível chegar a um denominador comum que agradasse a todos. Modificações estruturais profundas como essa nunca são a materialização do idealismo, mas da realidade. A política, afinal, é “arte do possível”, para citar Fernando Henrique Cardoso.
Ainda que não seja perfeita, a Reforma Tributária pode dar ganho de produtividade ao país, diminuir demandas judiciais, facilitar investimentos, aumentar a previsibilidade econômica e facilitar a vida da sociedade como um todo. Os atores que a apoiaram poderão colher os frutos políticos de seus resultados benéficos. Lira dirá que o Congresso foi protagonista em outra matéria relevante, Lula dirá que o empenho do governo foi fundamental e Tarcísio que ajudou a aprimorar a versão final do texto. Bolsonaro, que poderia ar ao largo da discussão sem acumular desgaste, ficará como dono exclusivo da derrota, apenas porque acha que fazer oposição é desejar o quanto pior melhor.