Entre Alvins e Franças, assim estamos vivendo nesse ambiente recheado de Piu-pius a dizerem que acham que viram um nazista ou comunista para logo depois se tornarem o Frajola a não esconder que o que querem mesmo é destruir o outro. E, para piorar, tem a turma do Confuso, personagem de outro desenho animado das antigas, dos Carangos e Motocas, uma motoquinha chata para dedéu que tudo que sabe fazer é aparecer depois que deu tudo errado para dizer: “mas eu te disse, eu não te disse? Eu te disse!” Mas nossos Confusos são mais confusos, não precisa ter dado errado para saírem falando como se tivesse dado errado e mal conseguindo esconder a vaidade de não terem sido “cooptados”. Não vejo grande vantagem em ser um Confuso, mas tem gosto pra tudo.

A verdade é que vivemos no mesmíssimo espírito totalitário que Eric Voegelin descreveu tão bem em seu livro Hitler e os Alemães. Na obra, Voegelin se interessa menos por Hitler que pelos alemães que votaram em Hitler. Estudo semelhante, mas voltado a entender o mesmo fenômeno em países comunistas, é o de Czeslaw Milosz em sua obra A Mente Cativa. Hannah Arendt também se aprofundou nisso em suas obras, que podem ser resumidas na famosa expressão que cunhou em Eichman em Jerusalém: “a banalidade do mal”. O que seria essa banalidade? Gosto de uma citação de Arendt que, se não explica, ao menos nos descreve: “Num mundo incompreensível e em perpétua mudança, as massas haviam chegado a um ponto em que, ao mesmo tempo, acreditavam em tudo e em nada, julgavam que tudo era possível e que nada era verdadeiro”.

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Você também não tem a impressão de irrealidade do que estamos a viver, leitor banalizado? É impossível assistir ao vídeo bizarro de Alvim e não pensar: “mas só pode ser piada!” E não era. Lendo a coluna irresponsável de França e a charge grotesca que a acompanhou, é impossível não pensar: “mas isso também é totalitarismo, mano!” Mas ele nem percebe. Enfim, resta-nos chorar parodiando o clássico do Rei, saudosos do mínimo bom senso que se tornou um daqueles detalhes que estão sumindo na longa estrada do tempo que transforma todo ardor em quase nada. Mas quase também é mais um detalhe e um grande ardor não vai morrer assim, por isso, por muito tempo você vai lembrar do Alvim. E do França também.

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