Entenda o caso 2w4k2s

Ramagem e agentes da Polícia Federal são alvos de uma operação da PF deflagrada na manhã desta quinta (24) contra um grupo que, segundo as investigações, atuava dentro da (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas. y5d46

A operação Vigilância Aproximada é um desdobramento da ação Última Milha, desencadeada em outubro do ano ado para apurar o uso de ferramentas de geolocalização de celulares e tablets para monitorar políticos, juízes, entre outras pessoas, sem autorização judicial.

O gabinete de Ramagem na Câmara dos Deputados e o apartamento funcional dele são alvos de buscas da PF. A Gazeta do Povo tenta contato com o deputado e com a Abin para comentar a nova investigação.

A PF chegou ao gabinete de Ramagem na Câmara por volta das 6h30 para as buscas e está sendo acompanhada pela Polícia Legislativa.

Ao todo são cumpridos 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais. As diligências de busca e apreensão ocorrem em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro.

Ramagem foi o diretor-geral da Abin no governo Bolsonaro. Ele também já atuou como delegado da Polícia Federal. O parlamentar é pré-candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano.

Na época da operação Última Milha, Ramagem disse que determinou uma auditoria formal em todos os contratos ao assumir o cargo em 2019 e que a análise levou a um pedido de correição na Corregedoria-Geral da Abin, e que a ação da PF foi resultado do "trabalho de austeridade promovido na nossa gestão".

"As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época [da operação Última Milha] indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na ABIN e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal", disse a corporação em nota.

Na época, a PF prendeu dois servidores da Abin e afastou o "número 3" da agência, Paulo Maurício Fortunato Pinto, por envolvimento no esquema de rastreio irregular de celulares.

A investigação apontou que o monitoramento era feito através de um software israelense chamado FirstMile comprado pelo governo e que utilizava dados de GPS para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e juízes.

Operação ocorre uma semana após mandado de busca contra líder da oposição 2183h

Na última quinta-feira (18), o deputado federal Carlos Jordy, líder da oposição ao governo Lula na Câmara, foi o principal alvo da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O episódio gerou uma série de críticas de parlamentares, que apontaram perseguição política contra uma importante liderança de oposição ao governo Lula e aliada a Jair Bolsonaro.

Nesta quarta-feira (24), congressistas da oposição se reuniram na Câmara para definir ações contra excessos do STF em relação aos inquéritos que investigam políticos com foro privilegiado. Durante coletiva de imprensa, eles repudiaram a "abusiva busca e apreensão" da PF na casa de Jordy e cobraram uma ofensiva dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) contra o STF. Ambos não se posicionaram após a operação contra o líder da oposição.

"Estamos aqui contra os abusos de autoridade e o desrespeito flagrante à Constituição. Entendemos que a operação da PF foi uma agressão não somente ao Jordy, mas uma agressão à oposição e a todo Parlamento. A democracia está sangrando no Brasil. As acusações contra Jordy não se sustentam", disse Marcel van Hattem (Novo-RS).

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), cobrou equilíbrio entre os Poderes. “É muito grave o que está acontecendo. Vamos definir uma pauta institucional no sentido de preservar e fortalecer prerrogativas no parlamento brasileiro. Há uma evidente hipertrofia de um poder sobre o Legislativo. Queremos tratar sobre as prerrogativas e o equilíbrio necessários aos poderes da República”, afirmou.