É uma pauta legítima, muito justa, uma pauta antiga da OAB, da Apajufe [Associação Paranaense dos Juízes Federais], do Movimento Pró-Paraná. Todos levantaram com força esta bandeira na época. Foi um dos raros momentos em que o Paraná se uniu de forma exemplar em torno de uma bandeira. Toda a bancada do Paraná no Senado. Então foi uma luta conjunta, muito forte. E que estava dando certo até que, de fato, teve a liminar, e suspendeu tudo. Então é uma reivindicação justa, que merece ser atendida, mas, que, por uma liminar do STF, infelizmente foi suspensa. Eu sou favorável à criação do TRF no Paraná - aí existem algumas possíveis configurações, como um TRF do Paraná com Mato Grosso, ou, TRF do Paraná com Santa Catarina, mas aí é especulação. 31415k

O que move o senhor a se candidatar à vaga ao TRF4 e como o senhor imagina que será sua atuação lá, caso nomeado?

Esta vaga do quinto constitucional da advocacia é prevista na Constituição justamente para que os advogados possam levar ao TRF uma experiência diferenciada, ou seja, a própria experiência da advocacia, participando como magistrado. Então, quando surgiu o edital, abrindo a vaga, vários colegas da OAB identificaram que eu teria o perfil para estar no tribunal, representando a advocacia. E inclusive alguns magistrados, que conhecem minha atuação na advocacia, me incentivaram também para que eu me inscrevesse, entendendo que eu reunia os requisitos técnicos para integrar o tribunal. Então me senti motivado, para levar a visão da advocacia para o tribunal. A indicação da OAB na lista sêxtupla é um reconhecimento de toda uma trajetória profissional. E, depois, quando o TRF4 me coloca na lista tríplice, é um reconhecimento de todo mérito, acadêmico, profissional. É uma honra muito grande.

Minha atuação no TRF4, se eu for o escolhido pelo presidente, é atuar dentro dos limites da Constituição, dentro dos limites da legalidade, do ordenamento jurídico. Buscar sempre a conciliação, o máximo possível. Incentivar a conciliação como ferramenta de resolução dos conflitos, incentivar as práticas conciliatórias. Estar disponível para receber os advogados, as partes. Manter sempre o gabinete com as portas abertas para todos.

Há um debate sobre interferência do Judiciário nos demais Poderes, no Legislativo e no Executivo, e também sobre ativismo judicial. Queria saber se o senhor de fato identifica isso e como imaginaria uma solução?

Eu concordo que existe no momento atual uma tensão muito grande entre o Poder Judiciário e os dois outros Poderes. De fato, temos visto um protagonismo cada vez maior de parte do Judiciário – não é de todo Judiciário, mas de parte. E isso tem sido observado, por quem é do Direito, com preocupação. Porque gera uma instabilidade no ordenamento jurídico. Para mim, o caminho é sempre o diálogo entre os Poderes. A Constituição prevê Três Poderes atuando como independentes e autônomos, mas harmônicos entre si.