Na opinião do especialista em Poder Legislativo, o desafio de Lula será organizar uma coalizão de partidos com ampla margem de distância ideológica e convencê-los de uma agenda comum. “A novidade aqui, diferente do primeiro governo Lula, é uma direita mais ideológica, com agenda própria e engajamento social. No entanto, creio que até mesmo partidos que apoiaram Bolsonaro na eleição tendem a participar do novo governo”, comenta. 52491b

Mesmo partidos como União Brasil e PP, no Congresso não conseguem fazer uma frente oposicionista como nos estados, pois parte do posicionamento de pauta e voto é definido pelas lideranças partidárias. A PEC da Transição foi um exemplo disso: partidos que apoiaram a reeleição do ex-presidente fecharam voto a favor da proposta, como Republicanos e PP.

Zeca Dirceu como líder do PT u59b

Um dos destaques dessa legislatura é a figura do Líder de Governo, que estará nas mãos do petista paranaense Zeca Dirceu. Antes garantindo espaço para o chamado “centrão”, na figura do também deputado paranaense Ricardo Barros (PP) – que foi vice-líder de bancada no governo anterior de Lula – agora o presidente da República escolheu um petista “raiz”, e que deve ser, entre os paranaenses da base, o de maior destaque na Câmara.

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As pautas do estado, diante dessa dinâmica de poder, devem ser discutidas em bastidores, em negociação direta entre deputados e ministérios. “Houve um tempo em que se acreditava que os governadores exerciam poder sobre as bancadas de parlamentares federais de seus estados. Acredito que essa influência já não é mais tão forte. Temos poucos exemplos de reunião da bancada federal com o governador e elas se limitam a discussões de temas muito específicos do Congresso, temas que mexem com o pacto federativo, indicação de emendas de bancada, entre outros”, comenta Tavares.

Se continuar no mesmo ritmo que em gestões anteriores, as pautas dos deputados paranaenses devem se concentrar nas ações e assuntos de interesses de suas bases.

Deltan e Moro na oposição 76h19

Pelo Paraná, a eleição de candidatos com histórico de participação na Lava Jato e no combate à corrupção pode trazer o tema novamente aos holofotes no Congresso Nacional. O deputado federal eleito Deltan Dallagnol (Podemos), campeão de votos no estado, e o senador eleito Sergio Moro (União Brasil), que se consagraram como principais nomes da operação responsável pela prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), devem atuar de forma conjunta para a defesa de pautas como o fim do foro privilegiado e a detenção de condenados em segunda instância judicial.

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E, se na Câmara as bancadas partidárias estão mais diversificadas, no Senado a eleição de Moro deve trazer maior destaque para uma voz de oposição paranaense. Assim como Alvaro Dias nos governos anteriores de Lula, Moro deve marcar posição contra as medidas do atual governo. Tanto Oriovisto Guimarães quanto Flávio Arns (ambos do Podemos) mantiveram posicionamentos mais tímidos diante das pautas nacionais, no Senado Federal.

Deputados eleitos para a Legislatura 2023/2026* (em ordem alfabética)

*Alguns deputados assumirão cargos nas esferas federal e estadual, abrindo espaço para suplentes

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