“Em Matinhos, Pontal do Paraná, Morretes e Antonina, por exemplo, as delegacias só contam com um investigador cada. Nesses locais, quando há uma solicitação de transferência de presos, o único investigador precisa fechar a delegacia para levar detentos a outros lugares”, apontou. 3o1f7

O fechamento, mesmo que temporário, das delegacias afeta o atendimento a quem precisa, reforça Valquiria. “A população que precisa fazer um boletim de ocorrência não vai conseguir atendimento com a delegacia fechada. Se a PM chegar com um flagrante de assalto, de estupro, não consegue lavrar esse flagrante porque a delegacia está fechada. E só está fechada porque só tem um investigador ou um escrivão, que precisou fechar a delegacia para sair levar preso de balsa até Guaratuba. Se a necessidade maior fosse mesmo só de delegados, por que nós temos que fechar delegacias porque não tem investigadores para ficarem lá?”, questionou.

Mesmo com convocação de todos os aprovados, déficit nas vagas da Polícia Civil tende a aumentar 181q3n

Gabriel Medeiros Bozza, integrante de um grupo que reúne os aprovados no concurso da Polícia Civil, tem questionamentos semelhantes aos da presidente do Sinclapol. Ele encaminhou à Gazeta do Povo um dossiê produzido pelo grupo com números sobre a Segurança Pública no Paraná e dados sobre a necessidade de recomposição do quadro próprio da Polícia Civil no Estado. De acordo com o documento, mesmo se todos os aprovados no concurso fossem convocados, ainda assim não seria possível cobrir todos os postos de trabalho vazios.

O dossiê reúne dados disponíveis no Portal da Transparência do Governo do Paraná e na legislação estadual sobre a Segurança Pública. De acordo com Bozza, uma lei complementar de 2002 estabeleceu em 4,4 mil o número mínimo de investigadores na Polícia Civil do Paraná. Agora, 20 anos depois, o número efetivo de profissionais ocupando essa função no quadro próprio do órgão a pouco dos 2,3 mil.

“Temos hoje metade do que foi considerado o mínimo necessário 20 anos atrás. Se for mantido o ritmo de saída desses profissionais, por exoneração, aposentadoria ou outros motivos, vamos chegar a 2026 com menos de 2 mil investigadores em todo o Estado. Mesmo que todas as 300 vagas previstas no edital sejam efetivamente ocupadas dentro do prazo total de validade do concurso, o número de investigadores daqui a quatro anos será menor do que é hoje”, destacou.

Número de convocados para exames pré-issionais é diferente do anunciado 3u325s

Bozza também observou o fato de que o edital de convocação dos aprovados para as perícias e exames pré-issionais publicado na última segunda-feira (27) traz números diferentes dos anunciados pelo governador. “O Governo do Estado, por alguma razão, resolveu alterar ainda mais esses valores. O último edital de chamamento para o pré-issional tem agora 164 delegados, 224 investigadores e 56 papiloscopistas. Para quem está dentro das 300 vagas do edital, isso é complicado de entender. Todos os números que levantamos no dossiê nos deixaram, sinceramente, assustados, o que nos faz ver essa decisão do Governo de nomear mais delegados e menos investigadores como totalmente infundada”, pontuou.

Questionada por que o número de convocados é diferente do anunciado pelo governador, que por sua vez já não seguia o previsto no edital do concurso da Polícia Civil, a Secretaria Estadual de Segurança Pública disse que "dentro do que prevê as normas relativas aos concursos públicos, a istração tem a possibilidade de realizar as demais convocações necessárias dentro do prazo previsto no edital". Segundo a assessoria, o concurso tem um prazo de validade de dois anos, prorrogáveis por igual período, e as primeiras convocações são feitas em um número maior para que haja uma "margem de segurança, caso alguns dos candidatos nomeados não sejam aprovados nos exames ou mesmo não compareçam".

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