“Nós vamos trabalhar com a verdade dos fatos, com o que foi angariado durante o processo. Sem narrativas, sem influências externas. Vamos trabalhar com os documentos que temos, laudos periciais, testemunhas, vídeos. O crime ocorreu após uma discussão banal, e tentaram dar um aspecto de extremista ao Jorge Guaranho, o que ele não é. Esta conotação política não está configurada nos autos”, afirmou o advogado Samir Mattar Assad.
O defensor confirmou a existência de laudos da Polícia Científica que comprovam que quando voltou ao local do crime, Guaranho estava ouvindo músicas alusivas ao então presidente da República Jair Bolsonaro (PL). “Existe sim esse laudo. Mas nós vamos poder demonstrar a dinâmica dos fatos com a ajuda de vídeos que deixam muito claro como tudo ocorreu. Uma discussão banal que acabou em tragédia para as duas famílias”, disse Assad.
Sem antecipar a tese defensiva a ser apresentada aos jurados, o advogado confirmou que, a seu ver, “não existem os elementos caracterizadores da futilidade e do perigo comum”. Para o defensor, Guaranho, a esposa e o filho foram agredidos “de forma violenta” pelo ex-tesoureiro do PT. O advogado confirmou que o ex-agente penal federal estava armado, assim como Arruda, e que o retorno dele ao salão de festas foi motivado por “uma situação extrema”.
“A partir do momento em que há um ato agressivo, violento, por parte do Marcelo após uma discussão banal, está descontextualizada toda a conotação política do caso”, completou Assad.
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De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, a esposa e o filho de Guaranho foram deixados por ele em frente à casa da família, e um parente teria sido chamado para abrir a residência. Para o advogado Samir Mattar Assad, essas alegações “também estão descontextualizadas”.
“Nós sempre vimos meu irmão como uma pessoa tranquila, do bem, carinhoso. Ele estava em seu melhor momento, casado, com filho de dois meses. Eu vejo como uma atitude de um pai defendendo o próprio filho. A preocupação da família é com a saúde dele. Ele não teve o aos cuidados necessários, deveria ter ado por uma série de cirurgias que não foram feitas e segue em recuperação”, apontou o irmão de Guaranho, John Lenon Araújo, em entrevista à Gazeta do Povo.
A Polícia Civil do Paraná abriu outro inquérito, paralelo ao do assassinato, para investigar as agressões sofridas por Guaranho após a troca de tiros. Três convidados da festa de Arruda chutaram a cabeça do ex-agente penal federal depois de Guaranho ter sido atingido por tiros disparados pelo ex-tesoureiro do PT. Segundo a força-tarefa criada para investigação do caso, as agressões podem ter agravado seu quadro de saúde.
Samir Mattar Assad disse à Gazeta do Povo que a defesa de Guaranho ainda não teve o ao resultado do inquérito aberto há quase dois anos. “Nós temos conhecimento de que foi instaurado um processo, mas ainda não tivemos o. Esperamos que isso nos seja franqueado antes do julgamento, para que nós possamos exercer a defesa dentro do devido processo legal”, confirmou.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil do Paraná questionando sobre o resultado do inquérito que investigou as agressões sofridas por Guaranho, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.
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