Lerner acreditava na cidade como espaço não de encapsulamento, mas de convivência. E, quando esse encapsulamento foi forçado sobre praticamente todo o mundo, com a pandemia de Covid-19, o urbanista provocava a reflexão em artigo publicado na Gazeta do Povo: seremos capazes de repensar a cidade para que, quando tudo voltar ao normal, ela seja esse espaço que une, em vez de separar? Lerner não queria áreas unicamente residenciais, que forçam deslocamentos muitas vezes desnecessários em busca do trabalho ou de o a comércio e serviços, nem “centros velhos” onde não mora ninguém, desertos à noite, mas bairros vivos, que pulsam o dia todo. Afinal, “viver é mais que morar”, expressão que escolheu para o título daquele texto. 11r6i

E, para que a cidade proporcione vida, não apenas a existência gasta em longos deslocamentos de casa para o trabalho, ela tem de permitir uma intensa vida cultural e artística, fomentar os pequenos negócios, privilegiar espaços públicos onde as pessoas queiram e possam estar juntas, montar uma malha urbana que não deixe seus cidadãos perder tempo, buscar soluções de mobilidade que privilegiem a sociedade como um todo. Lerner conseguiu aplicar esse ideário em Curitiba e em outros municípios que buscaram seus serviços, mas estava convicto de que esta é a vocação de todas as cidades.