As restrições de movimento e locomoção interna devido à pandemia também provocaram queda no consumo doméstico e, consequentemente, nas vendas do varejo ao longo do segundo trimestre deste ano, refletindo também a baixa confiança do consumidor. Porém, após três meses de contração, o crescimento do setor varejista em junho voltou a ser positivo, com alta de 3,1% – bem acima das expectativas do mercado. 92m4h

Outro bom sinal de recuperação para o segundo semestre foi observado no setor de serviços, com o índice PMI (sigla em inglês para a instituição que valida boas práticas de gestão de projetos) avançando de 47,8% em maio para 54,7% em junho nessa área. Também as vendas no segmento automotivo se recuperaram no fim do semestre, fechando o último mês com incremento de 13,9%. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pela melhora da cadeia de suprimentos e pelas políticas de e por meio de redução do imposto de compra.

Todos esses indicadores de melhora na economia da China foram acompanhados também pela movimentação do mercado de trabalho, que apresentou índices muito mais satisfatórios. Na comparação entre abril e junho, o total de desempregados caiu de 6,1% para 5,5%. Por outro lado, a taxa de desemprego para o subgrupo de 16 a 24 anos subiu. E, diante da expectativa recorde de dez milhões de estudantes se formando ainda neste ano, a estabilidade do mercado de trabalho seguirá como uma das principais prioridades do governo chinês.

Também o crescimento das exportações superou as expectativas, impulsionadas pela continuidade da demanda externa. A recuperação foi impressionante, ando de 3,7% em abril para um saldo de 17,9% em junho. O resultado da economia da China superou qualquer expectativa e indica que esse setor permanece como um fator-chave para o crescimento econômico, aliado com o aumento nos investimentos em manufatura e infraestrutura.

Fica evidente que a estrutura de exportação da China também está melhorando, com rápido crescimento nas entregas de alta tecnologia. O robusto crescimento dessas transações no segundo trimestre foi impulsionado principalmente por máquinas e produtos elétricos. A exportação de novos produtos do setor de energia, como células solares e baterias, também registrou aumento forte. Além disso, as vendas de produtos químicos e metais básicos, como aço e cobre, também cresceram rapidamente, impulsionadas pela recuperação da produção no exterior e pelo aumento dos preços das commodities.

A última reunião do Governo Central, em julho, explicitou que o objetivo atual é manter o emprego e a inflação estáveis, garantir o crescimento da economia dentro de um intervalo razoável e buscar o melhor resultado. Nessa mesma reunião também se encorajou as grandes províncias econômicas da China a assumirem a liderança no apoio ao crescimento a buscar a meta do ano. Com isso, espera-se que o PIB da China surpreenda mais uma vez e cresça mais de 5% no segundo semestre deste ano. Não há dúvida de que a economia da China está de volta com toda força no jogo mundial.

Daniel Lau, especialista em investimentos entre China, Ásia, Brasil e América Latina, é sócio-líder da Pratica Chinesa da KPMG.