Confiança empresarial cai nos quatro setores pesquisados pelo FGV Ibre 1u4uc

A confiança das empresas caiu em outubro para o menor nível desde maio, segundo levantamento feito pelo FGV Ibre. Ela diminuiu nos quatro setores pesquisados (comércio, construção, indústria e serviços).

Segundo o superintendente de estatísticas do instituto, Aloísio Campelo Jr., na indústria e no comércio o enfraquecimento da demanda já começa a impactar negativamente o ímpeto de contratações. Já na construção e nos serviços, a relativa resiliência no nível de atividade ao longo do segundo semestre tem mantido esse ímpeto estável.

Comércio não sente redução nos juros e vê desaceleração menor da inflação 5g205e

A confiança do comércio caiu, em outubro, pelo segundo mês consecutivo, segundo o FGV Ibre. A avaliação é de que o setor ainda não sentiu os efeitos do início do ciclo de redução da taxa de juros, iniciado em agosto, e a desaceleração da queda da inflação nos últimos meses.

“Os comerciantes ainda estão insatisfeitos em relação ao momento atual, com enfraquecimento da demanda e aumento dos estoques em alguns segmentos. Há bastante cautela em relação aos próximos meses, fato que parece relacionado com a piora da confiança dos consumidores. O cenário tende a ser ainda desafiador no quarto trimestre do ano”, diz a economista Geórgia Veloso, do FGV Ibre.

A pesquisa aponta que três fatores estão limitando a melhoria dos negócios: competição, demanda insuficiente e custo financeiro. Apesar da recente melhora de indicadores econômicos ligados ao consumo, como a redução da inflação e o aumento do rendimento real dos trabalhadores, o FGV Ibre aponta que ainda há um percentual significativo de empresas queixando-se do nível atual de demanda.

“Embora a parcela do custo financeiro permaneça em patamares elevados, tem mostrado uma redução da intensidade nos últimos meses, seguindo a trajetória do ciclo de queda das taxas de juros iniciada em agosto”, destaca a fundação.

Outro levantamento, feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o otimismo dos comerciantes está no mais baixo nível desde janeiro. Um dos segmentos que mais sente esse cenário é o de bens duráveis. São produtos de maior valor e que sofrem mais com o crédito caro e seletivo.

Izis Ferreira, economista da entidade empresarial, diz que a desaceleração da atividade econômica, com impactos na gestão financeira das empresas, e um consumidor mais cauteloso contribuem para que o comerciante tenha menos disposição para investir na contratação efetiva de funcionários e na ampliação dos estoques.

Indústria registra quinta queda seguida na confiança 1q4c3d

Segundo o FGV Ibre, a confiança na indústria atingiu o menor nível desde agosto de 2020. É o quinto resultado negativo seguido. Há um aumento do pessimismo em relação aos próximos meses, destaca o economista Stefano Pacini.

“A maioria dos segmentos reduz sua projeção de produção, dado o elevado nível dos estoques e o fraco nível de demanda. Apesar da melhora do cenário macroeconômico, as taxas de juros e o endividamento ainda se mantêm em patamares elevados, fatores que dificultam o reaquecimento da economia”, diz.

Pacini afirma que o efeito do início do ciclo de queda na taxa de juros e das medidas governamentais com o objetivo de reduzir o endividamento ainda não surtiram efeito na demanda por bens industriais, e isso tem limitado a recuperação da confiança do setor.

Outro levantamento, feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que a confiança do empresário do setor caiu pela segunda vez seguida em outubro. O otimismo ficou mais fraco e menos disseminado. O indicador reflete uma avaliação de piora mais intensa e disseminada das condições da economia brasileira e das empresas em comparação com os últimos seis meses.

A confiança caiu em todos os portes de indústria, em 18 dos 29 segmentos pesquisados e, à exceção do Nordeste, em todas as regiões – o Sul é onde há maior preocupação.

Há falta de confiança em seis segmentos:

Construção: pessimismo está disseminado 713u30

A queda da confiança da construção em outubro foi a maior desde novembro de 2022 e interrompeu três altas seguidas, aponta o FGV Ibre. O maior pessimismo foi disseminado em todos os segmentos. A carteira de contratos de infraestrutura está abaixo do normal, destaca o instituto. A esperança é que os projetos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) revertam esse quadro.

A incerteza é grande. “A piora pode ser um revés pontual, resultado de dificuldades com os negócios em um contexto de mão de obra mais cara e difícil ou refletir um ritmo aquém do esperado dos novos negócios. Nos próximos meses será possível confirmar se houve, de fato, essa inflexão do ciclo esperado”, afirma a coordenadora de Projetos de Construção do FGV Ibre, Ana Maria Castelo.

Serviços: pioram perspectivas para os próximos meses 5u5g5u

Pesquisa do FGV Ibre mostra que o Índice de Confiança de Serviços (ICS) atingiu, em outubro, o menor nível desde maio. Foi o terceiro mês seguido de queda. Pacini afirma que o resultado foi influenciado pela piora das perspectivas para os próximos meses.

Um dos segmentos que mais sente essa deterioração é o de serviços prestados às famílias, que mostra sinais de perda de fôlego. O resultado é influenciado por uma percepção de piora da demanda, que vem ocorrendo há quatro meses consecutivos.

Segundo ele, após um primeiro semestre favorável para o setor, os resultados sinalizam um cenário mais desafiador com perspectivas de queda na demanda, ímpeto de contratações e tendência dos negócios. “A recuperação dependerá da melhoria da confiança dos consumidores e do mercado de trabalho”, diz.

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