No entanto, segundo Silva, a indústria de alimentos vegetais alternativos ainda sofre da dificuldade de manter uma produção sustentável. Para ele, já há uma competição saudável, com uma boa variedade de players -- mas nem todos eles com as contas em dia.
“Tem concorrência, mas os preços não baixam. Muitas dessas empresas operam perto do break even (ponto de equilíbrio) ou abaixo do zero, mas continuam porque veem um futuro promissor, mas tudo depende da reforma tributária”, diz.
A questão aqui é da competição de todos os produtores de alimentos alternativos com a “grande indústria”, como ele classifica a indústria alimentícia tradicional. Luiz Augusto Silva compara o consumo de leite de vaca, por exemplo, com o vegetal, e como isso poderia ser aumentado caso a tributação fosse menor.
“A briga aqui não é pela fatia do bolo, e sim pelo tamanho do bolo, que as pessoas realmente migrem de produtos. O leite vegetal tem um consumo mil vezes menor do que o de tradicional, são sete mil litros contra sete bilhões de litros”, pondera.
O presidente da NotCo no Brasil explicou que a companhia tem, em média, 10 receitas sendo produzidas diariamente com as mais diversas combinações de alimentos que resultem em substitutos fiéis aos produtos tradicionais de proteína animal. Luiz Augusto Silva ressalta que há mais de 35 mil famílias de plantas comestíveis, mas que apenas um décimo delas é efetivamente explorado.
“Levamos 18 meses para desenvolver a maionese (Not Mayo), 10 meses para o leite (Not Milk), e assim por diante. Estamos acelerando o processo de desenvolvimento de novos produtos, eliminando completamente o uso animal na produção”, conta ressaltando que, diferente de outras foodtechs que desenvolvem carne em laboratório, por exemplo, a NotCo utiliza apenas ingredientes vegetais recombinados para criar novos alimentos.
A empresa criou o Giuseppe, um algoritmo digital que estuda molecularmente tudo o que vem das plantas e como recombiná-los para gerar uma nova experiência alimentar para os humanos. Ele lembra que o mercado mundial de produtos saudáveis tem um faturamento na casa dos US$ 450 bilhões (R$ 2,5 trilhões), mas que pode alcançar a cifra de US$ 2,7 trilhões até o ano de 2040 segundo a consultoria de pesquisa e inteligência de mercado CB Insights.