Maurício Bendixen, diretor de operações da rede varejista paranaense Condor, diz que esse comportamento do consumidor foi sendo estudado ao longo de todo o ano ado tanto nos supermercados como nos postos de combustíveis istrados por ela. E ele viu uma necessidade que, diferente do que se poderia imaginar, não canibaliza uma operação da outra.
“O mercado no posto de combustíveis é para aquelas pessoas que precisam parar muito rapidamente, comprar apenas o necessário e já ir embora, sem perder tempo, enquanto que no mercado elas vão para as necessidades maiores da semana ou do mês. E no posto ela tem o que precisa para o dia e ainda pode aproveitar para tomar café da manhã, fazer um lanche da tarde e até mesmo jantar”, diz.
A primeira e única loja, por enquanto, custou R$ 1,5 milhão e será usada como um modelo piloto para novas aberturas – todas próprias da rede. Por outro lado, a marca deve ganhar a concorrência da mexicana OXXO até o próximo ano, que está com um plano agressivo de chegar a 190 lojas na região Sudeste e no Paraná.
Loja da Oxxo em Las Choapas, no México.
À agência Reuters, o presidente-executivo do Grupo Nós, Rodrigo Patuzzo, afirmou que vê o Brasil com um enorme potencial para este tipo de operação, que ainda é muito pulverizado e conta com poucos concorrentes. A rede já tem 19 mil lojas na América Latina.
"Se tudo der certo, em outubro do próximo ano [2021] já vamos colocar um pezinho no nosso segundo Estado", disse no final de 2020 sem detalhar exatamente onde serão as próximas lojas.
Patuzzo não deu projeções de faturamento, mas disse que cada unidade custa em torno de R$ 750 mil em investimentos incluindo capital de giro.
“Essa tendência das lojas de conveniência já vem em São Paulo há uns sete anos, quando os próprios supermercados viram uma mudança de hábitos dos consumidores, de pararem de fazer as grandes compras do mês para compras mais fracionadas, e das pessoas não pegarem mais o carro para ir ás compras. E as próprias lojas vão adaptando seus mixes de acordo com a realidade socioeconômica de onde está localizada”, completa Marco Amatti.
Ele cita, por exemplo, a rede paulista Hirota Food Express, que foi uma das primeiras a abrir neste formato há quase uma década e já soma 21 unidades em São Paulo.
Restaurantes também querem
A investida recente da rede de hamburguerias e restaurantes Madero também mostra como estes operadores estão de olho neste tipo de operação. Junior Durski investiu R$ 40 milhões em uma parada de beira de estrada com um complexo que reúne as bandeiras Madero e Jerônimo e ainda um empório com pratos caseiros prontos para levar, produtos empacotados e enlatados, entre outros.
“Enxergamos um potencial neste tipo de negócio que faltava nas principais rodovias do Brasil, atendendo as necessidades de diferentes públicos e a forte demanda deste segmento de negócios”, disse.
É o mesmo potencial visto no horizonte pela rede de restaurantes Água Doce Sabores do Brasil, que abriu recentemente a primeira unidade do novo projeto de loja de conveniência aliada ao delivery de bebidas, com bar para petiscar e loja de produtos de churrasco.
Novo formato da rede Água Doce Sabores do Brasil aposta na conveniência para chegar a 30% do faturamento.
Localizada na cidade de Tupã, no interior de São Paulo, a Água Doce Conveniência surgiu durante a pandemia do coronavírus por causa do fechamento de boa parte das operações da rede. A expectativa é de que este novo formato incremente o faturamento mensal na casa dos 30% quando estiver bem amadurecida.
Julio Bertolucci, diretor de franquias da marca, afirma que pretende expandir o formato para toda a rede da Água Doce Sabores do Brasil, que conta atualmente com 22 lojas. No entanto, o modelo ainda não será franqueável.
“Seguiremos com uma loja somente, por enquanto. Está cedo para estimativas. Vai depender do amadurecimento dos processos, mas os resultados iniciais nos direcionam para uma expansão rápida e próspera”, diz.
Bertolucci explica, ainda, que este novo formato de operação só foi possível a partir de negociações favoráveis específicas com os fornecedores da marca, numa espécie de “todos se ajudarem”.
A rede já vem investindo em novos canais de venda desde o ano ado, quando lançou um novo modelo de franquias de lojas menores com investimento mais baixo. Na época, a Água Doce colocou no mercado a operação Express, com um investimento de R$ 240 mil, que pretende chegar a 50 lojas até 2025.